quarta-feira, 17 de abril de 2013

ESTA TERRA, fotografias de Augusto Baptista - ESPINHAL, Agosto/Setembro 2012


Esta terra

Este chão tem gente. Homens, mulheres, velhos. Poucas crianças. Tem ruas, casas, portas, janelas. Tem pedras com história. Este chão habitado no meio da serra tem campos lavrados, outros a monte. Tem frutos maduros. Fonte de pedra morena, água que mata sede a quem passa. Aqui há pão. Trabalho. Há mãos. E chega a parecer que as agruras do mundo moram lá fora. Esta terra tem festa, banda, tem lojas, igreja, capela, nichos, alminhas. Tem caminhos estreitos, muros, calçadas, velhos portões. Tem estradas que passam e um tempo que fica. É rude esta terra, com cactos, espinhos. E tem mel. Que aqui há rosmaninho, alfazema, urze, árvores antigas, flor de jasmim. Há abelhas. Grilos, cigarras. Nesta geografia cavada, há sonhos esquivos. Amores proibidos. Pedro e Inês ao fim-de-semana. Vidas sofridas todos os dias. Há lendas. Danças, cantigas. E um vento que ronda e um vento que roda. E pardais, corvos, espantalhos, quintais. Há cães que dormitam, ovelhas, cabras, cavalos não vi, e bichos bravios de que se ouve falar. Esta terra tem passos em volta, tem os meus passos por dentro. Tem os meus olhos achadiços, um dia. Um nome: Espinhal.

Agosto de 2012, Augusto Baptista

























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